sábado, 20 de junho de 2015

Informativo Família Gomes

Junho, 2015
O Japão é um lugar lindo, gostoso de se viver. As pessoas são muito educadas e podemos ver as coisas mais pequenas fluindo, com agilidade. Raríssimos são os casos onde enfrentamos filas ou burocracias para a resolução das coisas.

Ao longo do tempo, percebemos a desconfiança que os japoneses possuem quanto aos brasileiros que moram aqui. Isso porque durante a grande crise de 2008, muitos acumularam dívidas e abandonaram o país, sem se responsabilizar por elas, deixando carros abandonados no aeroporto e tudo o mais. Lembrando que o Japão é uma ilha e só teve contato com os ocidentais há uns quinhentos anos. Uma vez que Daniel é parte americano, sempre que precisamos usamos essa informação, pois os japoneses respeitam muito as pessoas dos EUA.

Márcia tem trabalhado part time em uma escola brasileira para ajudar com o pagamento da mensalidade da escola dos filhos e também porque isso abre portas para contato com outras pessoas fora da igreja. Eu tenho dado aula de inglês como forma de aumentar nossa renda. Aqui quase todas as pessoas, especialmente os brasileiros, trabalham em fábricas, em  turnos de doze horas, semana de dia, semana de noite, em revezamento, e não são funcionários contratados, ganhando por hora trabalhada e podendo ser dispensado a qualquer hora. A maioria ainda faz hora extra, pois o objetivo principal dos brasileiros aqui é ganhar dinheiro. Quanto aos nativos (detesto essa palavra usada desse jeito!), geralmente pegam empregos melhores, como líderes nas fábricas e são funcionários contratados delas. Os brasileiros que falam japonês também conseguem empregos melhores. Normalmente os japoneses ganham mais que os estrangeiros e homens em geral ganham mais que as mulheres, mesmo que façam o mesmo tipo de trabalho.

Uma das grandes dificuldades daqui é que o japonês é muito fechado. É difícil fazer amizade e, brasileiro que somos, sentimos falta desse calor humano. Há muitas regrinhas rígidas que precisam ser cumpridas para garantir a segurança das pessoas, por exemplo, criança com menos de 12 anos não pode sair sozinha depois das seis da tarde e não é aceita na maioria dos lugares depois desse horário, mesmo em companhia dos pais. Alguns restaurantes não se importam em atender famílias, mas outros locais como cinema, karaokê  etc, não as recebem. Outro exemplo, por causa do incentivo à individualidade de cada um, os pais não podem levar os filhos à escola. Desde os seis anos eles devem ir sozinhos, andando ou de bicicleta se moram longe. Coisas assim soam estranhas a nós, pois parecem cercear a liberdade de ir e vir que tanto prezamos. Mas para um país que sofreu tantas tragédias, conseguimos compreender a razão para o incentivo para a independência da criança.

O povo japonês é muito religioso e adora tudo. Vemos quase que um templo a cada esquina, e para as mais variadas criaturas e objetos. Porém, é bem fechado para o Evangelho. Menos de 1% da população é cristã, e isso incluindo católicos. Não há liberdade religiosa para cristãos e sim concessão para que o cristianismo seja praticado. A qualquer hora isso pode ser revogado pelo governo. A falta de confiança em estrangeiros e a individualidade de cada um são grandes barreiras para a pregação do Evangelho aqui. É barreira também o que se pensa a respeito do cristianismo, vindo das mais variadas formas, desde  um homem que pensava que adorávamos o coelhinho da páscoa e o Papai Noel, até pessoas mais realistas que, vendo o mal testemunho de mercadores do Evangelho e a falta de responsabilidade na administração de recursos e finanças por parte de muitos cristãos, até mesmo os mais sérios, rejeitam a Cristo como um todo.

Davi e Ruth gostam muito do Japão, apesar de sentirem saudade da família no Brasil. Eles estudam em uma escola brasileira. Também estudam japonês todos os dias e já se comunicam bem. Se adaptaram muito bem aqui, logo fizeram amigos. Os dois falam inglês e isso traz certo prestigio diante dos japoneses. No nosso prédio  tem alguns adolescentes japoneses que fizeram amizade com nosso filho mais velho por causa do inglês e o procuram para que ele traduza as coisas enquanto outro colega vai falando em japonês a resposta dele. E assim vão aprendendo.

Quando chegamos aqui nos disseram que na escola japonesa os professores batem e coisas assim. Por isso eles foram para escola brasileira. Nossa intenção era ficar apenas um ano aqui. Agora ficaremos mais, mas como já estão adaptados lá, não pensamos em fazer uma mudança. Vou copiar abaixo parte de um texto sobre a situação das igrejas no Japão. Foi publicado em 2010, mas ainda corresponde à nossa realidade hoje:

"Postado por Carlos Seiji Kavano em 25 janeiro 2010 às 23:18
ATUALIZAÇÃO SOBRE EVANGELIZAÇÃO JAPONESA
Por Rev. John Mizuki
Percentualmente as igrejas no Japão não cresceram nos últimos cinquenta anos. Elas estão lutando para quebrar a barreira de 1%, sem sucesso. Por que é tão difícil para as igrejas crescerem no Japão, apesar da sobrecarga de trabalho dos pastores?
Se olharmos para os números, podemos ver alguns fatores que podem ter sido responsáveis pelo não crescimento das igrejas.
1. Pouquíssimas igrejas- A média da população por igreja no Japão é de uma igreja para 16.222 pessoas, enquanto na Coréia é de uma igreja para 1.228 pessoas e na América é cerca de uma igreja para 1.000 pessoas. Para se cristianizar uma nação a média deve ser de aproximadamente uma igreja para 1.000 pessoas. Portanto, para evangelizar e Cristianizar 127 milhões de japoneses, cerca de mais 100.000 igrejas são necessárias e o Japão tem atualmente, somente 9.187, incluindo igrejas Protestantes, Católicas e Ortodoxas.
2. Igrejas muito pequenas - A média de membresia das Igrejas Protestantes no Japão é 73. A falta de crescimento da igreja não é tanto devido à falta de evangelismo. As igrejas estão evangelizando e batizando cerca de 8.000 por ano. Então, por que não estão crescendo? É porque elas estão perdendo tantos membros quanto estão ganhando. Perda de membresia é o maior problema das igrejas do Japão. Diz-­‐se que as pessoas entram na igreja pela porta da frente e se vão pela porta dos fundos. Diz-­‐se também que a média de tempo que o membro permanecer na igreja é de quatro anos. O problema é como fechar a porta dos fundos e conservar os membros."
A cultura cristã japonesa ainda está sendo construída. Por isso muitas igrejas aqui têm cara de igrejas americanas ou brasileiras. O modo mais fácil de se conseguir a concessão para pregar o evangelho aqui é através das igrejas americanas. Nossa igreja, por exemplo, por causa do difícil acesso aos japoneses, trabalha com brasileiros descendentes e pretende, através deles, alcançar os nativos. É preciso muita caminhada junto para que um japonês dê ouvidos a você. A barreira é imensa. Mas, temos contato próximo com igrejas reformadas nacionais e estamos aprendendo a trabalhar de um jeito que toque o coração do povo daqui.

No início de junho recebemos a visita do Rev. Obedes Jr., presidente da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT) e do Rev. Marcos Agripino, executivo da agência. Juntos, visitamos a Missionária Elisa Midori, em Toyohashi e o Pastor Dr. Woody Lauer, líder da Missão da OPC (Orthodox Presbyterian Church) no Japão. Foi tempo de renovar alianças e firmarmos parcerias que certamente ajudarão no prosseguimento do trabalho presbiteriano no país. Tivemos um tempo de comunhão e reunião com a Igreja Presbiteriana Cristo é Vida, onde ajustamos a  linha de andamento do projeto da APMT aqui no Japão. Continuando o contato com a OPC, Daniel esteve em Sendai, reunido com a liderança da missão americana da OPC, para ser entrevistado e recebido como missionário associado. Essa parceria visa facilitar a legalização do trabalho. Agradecemos ainda ao Rev. Ápio, de Hamamatsu, pelo apoio e parceria com  a Igreja Cristo é Vida.

Continuaremos aqui por mais um tempo. Ainda não estudamos os detalhes que envolvem um tempo no Brasil para maior preparo junto à APMT para retornarmos ao Japão. Esses detalhes serão trabalhados até julho.

Estamos à disposição para conversarmos mais. Qualquer dúvida você pode escrever e teremos prazer em responder. Nossa igreja tem uma página no Facebook, você pode acompanhar nossos trabalhos por lá: Igreja Presbiteriana Cristo é Vida.

Motivos de Oração:
• Sustento Pastoral - Atualmente possuímos 35% dos recursos necessários para nosso sustento
aqui. Esse montante vem da APMT e de algumas famílias que nos abençoam com suas ofertas.
Ore para que Deus levante mais pessoas para participarem do projeto da igreja no Japão. Seja
você mesmo um participante dessa obra!

• Moradia e local de reuniões - No próximo dia 15 deveremos deixar o apartamento onde
moramos. Já entregamos o local de reuniões da igreja. Ore para que tenhamos condições de
honrar com mais esse compromisso!

• Saúde - Meu pai, Rev. Wadislau está internado novamente. Sua saúde está bem fragilizada. Por
esse motivo, devo ir ao Brasil novamente para ajudar minha família. Ore para que tenha
recursos para fazer essa viagem!

Contribuições:
Banco do Brasil. Conta da APMT
Ag.: 0635-1
C/c: 7500-0
Código de identificação: 0,01
Exemplo: Para ofertar 100,00, depositar 100,01.

“Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de que nada ouvirão? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” Romanos 10.14-15

Um grande abraço,
Daniel Charles, Márcia, Davi e Ruth

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